Nossa Gente Nossa História
Eu sou de um lugar que quando os homens dão as mãos
Cantam a vida em roda de alegria.
E não existe descrença quando os peitos se enchem
Do canto que vem do mar e das montanhas que descem
Para o abraçar.
Eu sou mesmo desse lugar que, quando os homens dão as mãos,
Fazem desaparecer as diferenças que impedem a alma humana
Em sua convivência pacífica, pois aqui fazem par o negro com o branco
E as crianças se sentam para ouvir dos mais idosos
As canções do tempo que moldou seus corpos.
O canto é a expressão de nosso espírito que nos faz recordar
Nossas vitórias.
Acalenta a saudade da mulher e filhos que, esperando no cais,
Acenam com seus amores, e que torna mais suportável o trabalho
Árduo sob o sol do meio-dia, do mar infinito muitas vezes encolerizado.
Eu sou deste lugar que quando os homens dão as mãos
Não cantam o choro da velhice
E a vida não se torna breve.
A cana-verde-valsada e de mão,
O jongo, o caranguejo, a marrafa, o Felipe,
O arara, a marca de lenço, a dança dos velhos,
A tonta, o tira o chapéu, flor do mar, a canoa,
A dança das fitas, o caipô e a xiba do cateretê
São maneiras de dizer como o homem simples da vila
Pode ser completo de alegria, ausente da sanha do dinheiro
E do chamado progresso.
Um povo que é distinguido porque sabe dizer em sua própria voz
O que ele representa pra si mesmo e para o mundo.
E que não há século, revolução ou ideologia que lhe roube
A arte indispensável de outros tempos,
Como o canto obrigatório para as futuras gerações.
Agora lhe direi quem sou e de onde venho
Eu sou daqui irmão, desse lugar onde os jovens aprenderam
A ouvir o grande legado dos mais velhos,
E a humildade de ouvir é a arma de sobrevivência de uma cultura.
Os homens que negam o apertar de mãos
Negam sua própria existência e não são mesmo de lugar algum,
É homem destoado, sem vínculos com as coisas vivas
E distante da mão amiga.
Por isso agora lhe convido e de mãos dadas,
Dançarmos a ciranda de novos e velhos tempos...
Flávio de Araújo – poeta paratiense
Homenagem à Ciranda Elétrica – FLIP 2006
Eu sou de um lugar que quando os homens dão as mãos
Cantam a vida em roda de alegria.
E não existe descrença quando os peitos se enchem
Do canto que vem do mar e das montanhas que descem
Para o abraçar.
Eu sou mesmo desse lugar que, quando os homens dão as mãos,
Fazem desaparecer as diferenças que impedem a alma humana
Em sua convivência pacífica, pois aqui fazem par o negro com o branco
E as crianças se sentam para ouvir dos mais idosos
As canções do tempo que moldou seus corpos.
O canto é a expressão de nosso espírito que nos faz recordar
Nossas vitórias.
Acalenta a saudade da mulher e filhos que, esperando no cais,
Acenam com seus amores, e que torna mais suportável o trabalho
Árduo sob o sol do meio-dia, do mar infinito muitas vezes encolerizado.
Eu sou deste lugar que quando os homens dão as mãos
Não cantam o choro da velhice
E a vida não se torna breve.
A cana-verde-valsada e de mão,
O jongo, o caranguejo, a marrafa, o Felipe,
O arara, a marca de lenço, a dança dos velhos,
A tonta, o tira o chapéu, flor do mar, a canoa,
A dança das fitas, o caipô e a xiba do cateretê
São maneiras de dizer como o homem simples da vila
Pode ser completo de alegria, ausente da sanha do dinheiro
E do chamado progresso.
Um povo que é distinguido porque sabe dizer em sua própria voz
O que ele representa pra si mesmo e para o mundo.
E que não há século, revolução ou ideologia que lhe roube
A arte indispensável de outros tempos,
Como o canto obrigatório para as futuras gerações.
Agora lhe direi quem sou e de onde venho
Eu sou daqui irmão, desse lugar onde os jovens aprenderam
A ouvir o grande legado dos mais velhos,
E a humildade de ouvir é a arma de sobrevivência de uma cultura.
Os homens que negam o apertar de mãos
Negam sua própria existência e não são mesmo de lugar algum,
É homem destoado, sem vínculos com as coisas vivas
E distante da mão amiga.
Por isso agora lhe convido e de mãos dadas,
Dançarmos a ciranda de novos e velhos tempos...
Flávio de Araújo – poeta paratiense
Homenagem à Ciranda Elétrica – FLIP 2006
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