A CIRANDA CAIÇARA DE PARATY - RIO DE JANEIRO - BRASIL


O que atualmente se conhece como Ciranda em Paraty era antigamente chamado de Chiba, e que nada mais era do que um baile da roça. Estes bailes duravam toda a noite e as pessoas executavam diversos tipos de danças.
Com o progresso chegando os bailes da roça desapareceram. Mas, a Ciranda ainda é uma dança bastante popular em Paraty. (Diuner Mello)

No verão de 2005, uma mudança no cenário musical pode ser considerada um marco de revitalização na cultura local de Paraty: a Ciranda Elétrica. Mistura da tradicional música caiçara com elementos do rock‘n roll, como guitarra e baixo, e percussão diversificada gerou uma ciranda modernizada; a
proposta de um olhar contemporâneo sobre o som da ciranda de Paraty, (re)paginando a tradição caiçara e reencantando costumes que vinham adormecendo. (Laíse Costa)
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Mais detalhes sobre a Ciranda Caiçara Tradicional de Paraty

Site do Instituto Histórico e Artísco de Paraty - IHAP: http://www.ihap.org.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=70&Itemid=71
Blog Cirandas de Paraty
: http://cirandasdeparaty.blogspot.com/




Ensaio Pt&Bco







Nesse Encontro, foi encaminhado a Câmara dos Vereadores o Projeto de Lei 0083/2007, que instui no Município de Paraty Agosto como “Mês da Cultura Caiçara”, visando valorizar e difundir essa cultura, expressão maior da região; e também o “Dia do Caiçara de Paraty”, que se comemorará 6 de Agosto, data do nascimento de Manoel de Jesus Torres, exemplo de cultura caiçara em Paraty.

Abaixo, segue relato sobre Manoel de Jesus Torres, feito pelo historiador Diuner Melo.

MANOEL DE JESUS TORRES

Nasceu em Paraty, no lugar conhecido como “Portão Vermelho”, no dia 6 de Agosto de 1881. Era neto de escravos, filho de Maria Cândida de Jesus Ferraz.
Aos nove anos foi “cedido” por seu pai para um senhor de Cunha para trabalhar como tropeiro, o que fez durante sua infância e adolescência. Já adulto, retorna a Paraty, casa-se vai morar no Mamanguá, primeiramente no Porto Grande e depois no “baixio”, em terras de seu sogro. Deste casamento teve três filhas: Pedrina, Maria da Conceição e Benedicta da Natividade. Em razão de doença de sua esposa vem morar na cidade.
Foi empregado da Fábrica de Tecidos Santa Tereza e cozinheiro do Vapor “Garcia”, quando teve oportunidade de conhecer vários lugares. Em busca de novas oportunidades de emprego viajou a pé daqui a Santos e ao Rio de Janeiro. Viveu vida simples e pobre, porém com dignidade e decência.
Com o passar do tempo foi nomeado Juiz de Paz e posteriormente titular do Cartório de Registro Civil de Paraty Mirim, 2º Distrito de Paraty. Passou a viver, então, do que recebia dos registros de nascimento, casamento e óbitos, ajudado por sua esposa, que era costureira, sustentando assim sua família. Manoel Torres casou-se por três vezes.
Sempre foi um homem alegre e festeiro: onde havia um chiba, largava a mulher cuidando dos filhos, à cavalo ou à pé, ia sempre, fosse no Corisco, Corumbê, Itatinga Graúna, etc. Festa de São João, não perdia. Era “Capelão” ou cantador de ladainhas tanto nas roças como na cidade: Santa Cruz da Generozza ou na Fazenda da Boa Vista, na Ponta de Santo Antonio, no Abílio Dutra, no Ribeirinho, no João Oliveira e Francisco Fernandes, no Corisco. “Boca livre ele não perdia”, conforme disse sua filha “Dita” Torres.

Benzedor de fé e muita cura, benzia cobreiro, espinhela caída, “bicha”, erisipela e outros males comuns naquele tempo. Católico fervoroso pertencia à Irmandade de São Benedito e do Santíssimo Sacramento e foi festeiro do Divino Espírito Santo em 1973.
Já idoso e aposentado, nele se reconhecia o maior e mais lúcido repositório de toda uma cultura paratiense, a cultura caiçara. Fazia versos, tocava adufe, pandeiro e cantava cirandas e chibas. Os primeiros registros de nossas músicas, feitos por Dulce Lamas e Zaíde Maciel, em 1960, foram resultado de entrevistas com ele, Nestor Miranda, Francisco Malvão (o Calebre) e Antonio Roque da Silva (Antonio Marcolino). A partir de então, sempre amável e simples, atendia a todos os que pesquisavam os usos, costumes e tradições de Paraty. Entrevistado centena de vezes, registrou no tempo suas memórias e as de seu povo.
Seu centenário de nascimento foi comemorado com Festa Pública, na Praça da cidade, onde pode, ainda lúcido, sentir o carinho e o respeito de seu povo.
Manoel de Jesus Torres faleceu aos 102 anos de idade, cercado de parentes e amigos.

Paraty, em 28 de Setembro de 2007.
Diuner Mello
(baseado em entrevista de sua Filha Benedicta da Natividade Torres)

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